15.5.19

tempo de se buscar

passa as horas
a subir e descer o asfalto

seus dias são sacolas
os caprichos da patroa
a menina a lhe entortar a coluna

as noites sangram solidão

beija a foto da mãe
lembra os tapas do pai
o corpo ensanguentado do irmão
há um mundo a se lamentar
balança-se sobre seus abismos e cantarola
entre dós e rés pede às marias
pregadas nas paredes do quarto
que lhe deem pipas e linhas e vento
afinal a vida só respeita
quem aprende a cortar os ares com as próprias mãos.