24.5.19

sempre-vivas

pus um sorriso novo
cílios postiços
batom a sujar os dentes de vermelho
coração batendo enviesado
em busca da palmeira
onde me encantou um sabiá

pus uma flor
no lado direito dos cabelos
as coxas a arrebentar as costuras dos jeans
a respiração fazia os peitos empinarem
e o olhar era de gula
na palmeira que indiferente continuava seu dançar

ele me chegou com flores nas mãos
e um jeito de amor à antiga

em dois passos minha boca esquentava a sua
meu juízo se perdia
na certeza das suas vontades
entreguei-me puta
e o tomei minha febre terçã

a terra rolou em nosso suor
e o chão foi canteiro
das sementes que seu pulsar espalhou

ainda nascem sempre-vivas ao redor daquela palmeira.