13.5.19
há muito não te desenho elefantes
não tenho muito tempo
depois de tambores e decibéis elevados
a noite já se anunciou silenciosa
da janela vejo flores à beira da calçada
a enfeitar o inverno que se anuncia
perenes
como este querer que em mim é conteúdo
de plumas
doçuras
gratidão de tantos antigamentes
há muito não te desenho elefantes
que nos acheguem na distância de suas patas
nem te dou de presente
pérolas que invento
assentadas em mil seios de conchas
talvez devesse esperar junho
seria quase nada
fazer do seu dia
apenas alusões a uma vida inteira poética
que dribla geografias
a lançar redes em todos os meses do ano
e distribuir peixes
multiplicados em estatísticas de carinho
não tenho mais tempo
talvez amanhã eu te dê uma braçada de flores que te mereçam.