12.4.19

precariedades


já morri algumas vezes
morrer é minha fuga predileta
a minha próxima morte
não se comparará a qualquer outra
a última é sempre a mais trágica
quem sabe eu me atire do alto
de um poema lírico de torres
caia bêbada entre os licores
e os olhos doces de guanais
quem sabe eu promova o espetáculo
de um suicídio à la magoli
ou encha os pulmões de pétalas
da rosa do povo de drummond
talvez eu até desista de arquitetar uma morte
e apenas me deixe boiar na hemorragia
causada pelas inconsequentes punhaladas
que os mitos vêm enterrando na minha história
ou tudo isso não passará de um ensaio
para a idiotice maior - uma parada do coração.