9.7.21

praia de cabo branco

 

:

um deus desconhecido

ou escultor da poesia?

 

tem altura e altivez

para ganhar minhas indecências

até em jogo de xadrez

 

***

de sombrinha e salto alto

leio joão cabral de melo neto

recostada na cadeira de praia

 

entre sabiás e palmeiras

da praia de cabo branco

surge o poeta escultor

 

olhos de enigmas me perfuram

areias engolem meu juízo

mãos me acendem fulgurâncias

 

arregalo-me por inteiro

não sei disfarçar o verbo amar

 

***

lâminas de sol anunciam dia

respiro caos e papel

 

descubro:

foram sonhos adormecidos

desejos sem ética lógica égide

 

talvez golpe da inconsciência

:excesso de bolor

do livro que o poeta não abriu.