útero
que gerou esperança
hoje sangra
as indiferenças
que sobem e descem morros
fervem em panelas vazias
batem portas que fingem lados iguais
levam crianças a se perderem em faróis
útero
que gera bala na nuca
sangue no asfalto
órfãos de pais e filhos
lágrimas
e os que resistem
são ventres livres para futuras prisões
a mão que imortalizou o treze de maio
deixou nas entrelinhas o terrível cheiro da segregação.