13.4.19

quando era paixão

vivíamos suspensos
na respiração um do outro
nas mãos que se comiam lascivas 
nas línguas que inventavam tempestades
gozávamos intensidades
no abraço de nossas satisfações
sonhávamos o próximo gozo
e se um de nós morria
a fome do outro soprava-lhe vida
agora a paixão virou amor
sem nenhum incêndio que ameace nossos edifícios
então não me peça licença
tenta-me
surpreenda-me
faça-me novamente flor de coitos
mate-me para que eu possa me desfolhar em ti
o amor guardaremos para o final do outono.