13.4.19

pesadelo

não eu não me afoguei
não neste mar alumbrado
onde vejo boiar páginas da minha vida
nelas
os grilhões da minha poesia

vejo meus pés
estão fincados na areia molhada
minhas pernas são grossas e têm pelos dourados
meu corpo suaviza-se na dança do vento

pressinto que ainda não me afoguei

belisco-me
meu terror se enche de esperança
são apenas marés gritando espumas
a saudar o anoitecer que dobra sobre o horizonte

maravilhosamente
venço-me e aos meus medos
sou apenas uma náufraga no mar dos meus sonhos
a arder-me por dentro
na nova coragem de vencer minhas pálpebras
morder os meus lábios
e acordar

ao longe
bem ao longe um sax deita um jazz à beira da noite.