13.4.19

banalidades

enquanto no campo 
fogo invade paisagem
em minha cama 
arde uma centena de sóis
da janela vejo evaporar as pedras
o andar pulado dos gatos
- vadios como eu queria estar

preguiça invade os trezentos fios 
prende meu corpo
à beira da desesperança
poesia toma uma forma estranha
em minha vontade de alcançá-la
- quase uma espada
em gravura encomendada

sobre meu coração uma prancha de surf
um piano
uns olhos felinos me comendo
aquele amor de verão
- recordações

hoje adoraria amar um argentino
talvez um russo 
um paulistano
ou um poeta a quem pouco importasse
a banalidade dos meus versos

uma poesia
que conhecesse a fome das minhas mãos.